domingo, 7 de dezembro de 2008

Precatórios x povo ignorante

Quase cem por cento dos cascavelenses nunca souberam, não querem saber e nem saberão dos lances espetaculares que rechearam esses episódios confusos dos precatórios da Praça Wilson Jofre, da área do PAC 1 e parque de máquinas, do terreno onde está o prédio da Prefeitura e outros tantos. Quase todos começaram com ações de desapropriação mediante avaliação feita pela Prefeitura e nunca os valores originais tiveram a anuência dos proprietários. Eles sempre pediram o preço comercial e tiveram que discutir na Justiça. A partir daí a bola de neve cresceu na medida em que os interesses políticos de grupos e as desavenças pessoais entre caciques da hora interferiram na cronologia legal. Mesmo com sentenças favoráveis aos donos das terras, os governantes não pagaram quase ninguém nesses anos todos. Eles sempre alegaram que não poderiam deixar de construir escolas, creches, etc, a fim de tornar alguns ricos mais endinheirados ainda, argumento que não prospera no âmbito judicial. A dívida existe, está provada e, um dia, terá que ser quitada, custe o que custar.
Corre muito dinheiro
Advogados garantem trabalho e polpudos salários, juízes se veêm aos tombos para fazer cumprir a lei que, através de deputados e senadores, vários deles acusados de cúmplices da indústria precatória, definiu percentuais de agiotagem na atualização financeira do dinheiro devido aos credores. Muitos donos de áreas desapropriadas nunca fizeram questão de receber o que o judiciário arbitrou como diferença, sabedores de que em nenhuma outra modalidade o rendimento é tão expressivo. Existem suspeitas de que, no geral, ocorre tráfico de informações, compra de sentenças e a distribuição de muita propina entre envolvidos.
Hora da verdade
As bombas relógios foram armadas dentro dos cofres das prefeituras e algumas como as das famílias Sililprandi e Saraiva começam a explodir. Como as principais lideranças populares não querem se meter nas brigas de cachorros grandes com medo de levar mordida, ninguém debate a questão milionária que elas mesmas pagarão tostão a tostão. Tema excelente, aliás, para o novato Observatório Social que, por enquanto, está só no papel e não vai observar nada nem ninguém antes das férias de final de ano. O povo tem o direito de saber que precisará desembolsar milhões de reais devidos pela Prefeitura e que, numa hora ou noutra, o governante finalmente precisará abdicar de obras sociais a fim de saldar a gigantesca conta. Ou ela continuará a crescer e proderá provocar sequestro de valores, atraso no pagamento de salários e de outras dívidas além de intervenção no governo municipal.

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